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Auto-conhecimento e Competência Essencial

Ézio F. Almeida


"Quem Sou Eu?" Esta indagação provavelmente uma vez ou outra já passou pela sua mente e é uma das questões que os Seres Humanos vêm-se perguntando desde o alvorecer da civilização, e permanece até hoje como uma das lacunas a serem preenchidas.

Examinemos um processo muito específico e básico que ocorre quando uma pessoa pergunta e responde às questões: - Quem sou eu? - Qual é o meu verdadeiro eu? - Qual é a minha identidade fundamental? Quando alguém nos pergunta, "Quem é você?", e nos colocamos a responder de forma honesta, razoável e mais ou menos detalhada, o que é que, de fato, estamos fazendo?

O que acontece em nossa mente quando fazemos isso? De certo modo, estamos descrevendo nosso ser com os nossos referenciais internos, como nós pensamos que nos conhecemos, incluindo em nossa descrição a maior parte dos fatos pertinentes, positivos e negativos, importantes e secundários, que julgamos fundamentais para a nossa identidade.

Podemos, por exemplo, pensar: "Sou uma pessoa única, um ser dotado de certos potenciais; sou bondoso, mas às vezes cruel, carinhoso, mas às vezes hostil; sou pai e sou engenheiro, gosto de pescar e de futebol..." E assim poderia prosseguir nossa lista de sentimentos e pensamentos. Percebe-se que a maioria das pessoas, ao tentar responder à pergunta, "Quem sou eu?" fica atónita devido à enorme dificuldade em respondê-la. Poderíamos questionar por que tanta dificuldade em tomar contacto com quem nós realmente somos? Isso acontece porque fomos educados ou mal-educados a não tomar conhecimento de nossos sentimentos, a não reflectiu sobre o nosso verdadeiro eu.

Vivemos em uma sociedade que privilegia aquilo que é impermanente em detrimento daquilo que é permanente. Assim, ao buscar responder esta pergunta, que deveria nos remeter àquilo que somos essencialmente, isto é, ao que é permanente, a maioria responde sobre o seu estado actual, o que faz, o que gosta, o que tem, tudo o que é impermanente, menos aquilo que a pessoa é em sua essência. Com isso, a pessoa confunde o ser com o estar, fazer, ter, gostar, etc.. Ela toma contacto com o que é transitório, o que está fora dela e não com o permanente, essencial, que se encontra dentro dela mesma. Quando, por exemplo, uma pessoa diz o seguinte: "eu sou uma pessoa egoísta e muito ansiosa" ela está se reportando a um estado impermanente como sendo permanente, confundindo o ser com o estar ou o ter. Qualquer estado negativo em nossa personalidade é transitório porque somos essencialmente bons, belos, positivos. Seria mais correcto dizer assim: "Eu tenho muito egoísmo e ansiedade" "Eu estou ansioso".

Torna-se fundamental um trabalho de reeducação, no sentido de pararmos de fugir de nós mesmos, da nossa essência, e buscarmos o auto-conhecimento, um mergulho profundo dentro de nós para nos proporcionarmos o auto-encontro que nos fará livres das amarras que nos prendem aos conflitos geradores das crises de todos os matizes.

Desenvolver aquilo que denominamos competência essencial, a capacidade de se perceber a vida sabendo exactamente onde, como, porquê e quando agir para conquistá-la de forma plena e feliz.

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