Eveline é terapeuta floral há mais de 40 anos e criadora das Linhas Florais Espírito da Planta. Trabalha também com sistemas: Bach, FES, Australian Bush, Korte PHI (Amazónia, Orquídeas Europeias, Cactos e Cogumelos), Dancing Light Orchids, Living Tree Orchid Essences, Florais de Minas, Florais de Saint Germain e Pacific Essences.
Como tudo começou…
Li há muito tempo, não sei onde, que o sonho de cada terapeuta floral é desenvolver a sua própria linha, mais tarde ou mais cedo. Não dei muita importância porque, afinal de contas, do que eu mais gosto é de ouvir as pessoas e deixar-me guiar na intuição de encontrar o composto vibracional adequado ao viver das suas transições vitais da melhor maneira possível…
E assim foi sendo durante os largos anos que se passaram desde o meu fulminante 1º encontro com os florais de Bach.
Foi sendo e foi sendo, até a Camarinha “começar a falar” de cada vez que eu passava por ela nas dunas, a caminho da praia. E durante os últimos 5 verões não me deixou em paz, sempre que passava por ela em flor, fruto ou em dormência vegetal, quando o vento uiva na beira da falésia e o mar cresce para a terra, a tentar conquistá-la no seu abraço de amor… a Camarinha dizia: Então? Como é…?
Insidiosamente como um vírus, foi ocupando espaço que não abandonava mais, instalando-se “… como um poceiro, dentro do meu coração” lá diz Bethania na sua canção. Instalou-se e não saiu mais de lá e o pior é que foi chamando outras e quando dei por mim, tinha dentro uma lista de plantas silvestres a clamarem e a enredarem-se-me à volta dos pensamentos e das ideias, sem descanso.
E eu sem espaço adequado nem intenção nenhuma de preparar florais, em todo o mundo milhares de preparadores já tinham feito isso, há atualmente milhares de essências maravilhosas de tudo quanto é flor necessária para todos os estados de alma, não é a minha praia essa, fico realizada de cada vez que alguém sai de perto de mim com o composto “na mouche” para as suas necessidades… Não, este filme não é meu. Moro na cidade onde as plantas são sordidamente poluídas, não tenho tempo nem condições, enfim eu usei todos os argumentos que sabia e pude.
Mas ela lá.
De pedra e cal.
De pedra e cal a Camarinha e as suas companheiras a viverem os seus Outonos e Primaveras, dentro de mim e eu com elas.
Até o dia H, em que uma amiga-irmã me disse que tinha uma casa na sua herdade alentejana à minha espera para eu fazer pesquisa se quisesse. Inesperadamente assim, uma herdade de montado de sobro certificada biologicamente, pode?
Como uma desfolhada logo ali a Camarinha mandou com todos os meus argumentos por terra.
Fez-me render à evidência do inadiável…
à evidência da Terra-Luz.a, fazer o quê?
A 14 de Janeiro de 2007 morre a minha mãe.
“Aprendi de pequena a honrar meu pai e minha mãe” e algo profundo e íntimo se “ligou” aos campos brancos de camomila, naquele inverno frio e chuvoso desta região do Alentejo... e se não faz frio chove e se não chove faz frio e os dias escorrem como pérolas sobre os vidros gelados das janelas...
… enquanto as lareiras deixam o mundo a cheirar a castanha assada…
… até o sol espreitar e pôr tudo a cintilar, outra vez!
Embora outras flores me pedissem trabalho sobre elas há mais tempo, a minha própria necessidade de nutrição com a energia materna, pede que me estenda sobre este campo branco de Camomila.
Remeto-me a um manto de neve cobrindo a terra, o manto protetor da energia materna sobre os seus filhos que esta planta representa...
e eu tanto necessito neste momento…
… em que o buraco negro da dor ocupa todo o espaço onde habitava a minha alma…
aconchego-te,
acolho-te,
aconcentro-te minh´Alma,
num manto de pétalas brancas de Camomila, para que te redescubras órfã-mãe de ti mesma... para que te deixes embalar neste manto diáfano e serenes a saudade no veludo branco das minhas pétalas, para que me devolvas o amor agora inútil que lhe tinhas, e possas parir o teu propósito maior, aqui. Agora.
A dor da perda recente do Ser que me trouxe à vida, impulsiona-me a vagar pelos campos de camomila absorvendo a cura… Esta planta é a mais pura doação.
E assim começou para mim esta aventura onde, de alma e corpo o meu Ser mergulhou…
Perdi minha mãe, é certo…
Mas, oh! Espanto!
Enxertou-se-me dentro no seu inefável espaço, todo o Ramo e Flor, Broto ou Semente, Botão e Rebento! Estou íntima da Formiga e da Abelha, da Carocha e do Inseto, do Pulgão e da Cochonilha, da Chuva e da Lua, do Sol e do Vento, do Orvalho e da Geada…
Os meus dias preenchem-se com Anjos e Devas, Gnomos e Duendes, Fadas e Silfos e demais Espíritos da Natureza que honro e me desvendam o seu tecer da vida Una.
E por isso, a este AMOR que me transcende e comanda, me extasia e perturba, me nutre e enleva e se renova a cada dia - ao fazer de cada flor o meu propósito e razão de Ser - estou GRATA por me revelar a verdadeira VIDA!
Eveline